Eu quero dormir no seu colo

Eu quero dormir no seu colo

Pai! Eu quero dormir no seu colo.

Quando você não está em casa, fico com medo.

Tenho medo do bicho que aparece na minha cama.

Eu grito e ninguém me escuta.

Não sei onde você está agora. Mas, eu quero muito ficar com você.

Também sinto muita falta da minha mãe. Ela mora tão longe de mim!

Ela trabalha o dia inteiro e dorme na casa da vovó.

Como você sabe, eu fico com a mulher que me cuida todo o dia.

Ela é boazinha, mas não é minha mãe.

O homem que mora aqui na casa também é bom, mas, ele me chama toda a hora para trabalhar, carregar coisas pesadas.

Pai venha logo para casa. Eu quero abraçá-lo.

Beijar o seu rosto e ir pescar no rio aqui perto.

Quando você vier me buscar vou ser feliz.

Passaram-se  14 anos e Eurico nunca mais viu a sua mãe e seu pai.

Eles continuam trabalhando nos mesmos lugares e separados como sempre.

O menino que agora cresceu escreveu o seguinte:

-Pai

Eu cresci e agora tenho medo de nunca mais poder ver você.

Vi uma mulher parecida com minha mãe outro dia. Ela veio me visitar, mas eu não sei se é ela mesma. Minha mãe era tão diferente. A mulher que ainda cuida de mim a dona Georgina me disse que aquela mulher que veio me visitar era minha mãe. Tenho certeza que existiu um engano. Minha mãe é jovem e aquela, um tanto velha.

Pai é verdade que você ainda virá me buscar para viver com você?

Eurico sentou-se no chão. Rabiscou umas linhas e dormiu sentado em cima da foto do pai, seu velho amigo, que nunca mais pode voltar para casa com a desculpa que no Brasil o homem não pode perder o emprego num único dia senão é mandado embora.

Assim o tempo passa e a vida continua nos fios da esperança de quem quer muito rever o pai e a mãe.

Falô, tá falado!